Sobre motoristas e bêbados.

Uma combinação para lá de fatal e que tem chamado a atenção da mídia, mas nem tanto de consumidores é a do álcool com a direção. Eu sei que você estar querendo parar esta leitura por aqui, que não aguenta mais ouvir falar no tema, mas devo insistir e se conseguir convencer apenas um motorista de que não, mesmo após umas “cervejinhas” você não pode dirigir já me dou por satisfeito.

Um dia antes de escrever este texto leio a matéria de um motorista bêbado que matou toda uma família, ele, como na maioria dos casos, não morreu. Provavelmente não irá preso, no máximo algum tipo de medida cautelar como trabalhos comunitários.

Já está valendo a chamada “Lei Seca Mais Dura”. Como assim cara pálida? Endureceram uma lei que já existia? Sim. É isso mesmo, nos estados em que há certa fiscalização e louve-se o Rio de Janeiro e São Paulo que tem insistido nas blitzes o resultado começa a aparecer com o crescente aumento dos chamados de táxis e diminuição dos acidentes.

No Paraná, infelizmente, parece que a lei “não pegou”. Mesmo após casos emblemáticos como o do acidente do ex-deputado Ribas Carli que vitimou dois jovens no bairro do Mossunguê em Curitiba, a “lei ainda não pegou”. O ex-deputado se está sofrendo algum tipo de sanção é a da própria consciência, no que depende da execução da justiça tudo vai muito bem obrigado. Ele vive administrando as empresas da família em Guarapuava e é visto com freqüência nas rodas sociais curitibanas. Eu mesmo o vi no Shopping Barigui dias destes.

A impunidade faz com que as pessoas não cumpram leis, mas a vida está assim tão barata que tirar a vida de outro ser humano não importa mais? A simples possibilidade disso acontecer não é levada em consideração?

Alguns amigos defendem que a lei é um retrocesso. Que aqueles que bebem não são culpados por todos os acidentes e que ao proibir um cidadão de consumir o álcool que quiser e sair dirigindo é cecear a liberdade de escolha. Será mesmo? Eu me pergunto por que cientistas, médicos e policiais estariam mentindo para nós esse tempo todo ao dizer que faz mal, que diminui os reflexos e que sim, pode matar. Entendo que repensar o nosso respeito pela vida alheia seja mais importante que uns goles na balada.

Por fim quero dar minha saudação especial a todos aqueles que perderam pessoas queridas em acidentes de trânsito, principalmente os causados por álcool. Minha mãe que perdeu seu pai em um acidente causado por um advogado bêbado que não sofreu qualquer tipo de reprimenda e que, pasmem, voltou a matar do mesmo modo. E, talvez a mais simbólica e solitária de todas as lutadoras da causa, Christiane Yared, a mãe de um dos rapazes mortos no “acidente” do deputado. Ela tem travado uma luta quase inglória contra o cidadão e principalmente contra a situação.

Não sei se podemos de chamar de acidente as mortes causadas pela bebida alcoólica. Dizem os defensores de armas para todos que o que mata não são as armas mas sim as pessoas. E no caso dos carros? A mesma coisa. Se você atira em alguém, se esse alguém morre em função deste tiro você vai preso. Simples assim. No caso do trânsito não deveria ser a mesma coisa?

Um dia os motoristas bêbados vão deixar de ser piadas em programas de humor ou na sua timeline do Facebook e vão efetivamente virar caso de polícia e de prisão.

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