Algumas pessoas estão há tanto tempo na vida da gente que fica até estranho quando, de repente, elas se vão…

Pai, mãe, irmãos, avós, amigos… enfim, de uma hora para outra a presença vira saudade e assim perdemos o aconchego, o cheiro, a conversa, que muitas vezes, infelizmente, só temos em nossas mentes.

E quando “perdemos” alguém que nunca esteve perto?
Alguém que “achamos” que era legal, que era “boa praça”, era uma “pessoa boa”?
Tudo dentro de suas devidas aspas simplesmente porque não a conhecíamos?

Eram estranhos conhecidos.

Essas pessoas estão sempre por perto, com a tecnologia, estão a um clique de distância. São pessoas comuns, que falam coisa que muitas vezes discordamos e ainda assim, estamos sempre abrindo as portas de casa para elas.

Recentemente o Brasil se viu nessa ilha estranha de tristeza pelo desconhecido.
Silvio Santos no ano passado se foi. Choro, tristeza, depoimentos de quem só o via pela Tv. Uma perda, uma ausência.

Hoje, Paulo Soares, o popular amigão, nos deixa. Super conhecido por amantes do esportes, era figura de riso fácil, estava sempre presente.
Ele sai, a saudade entra. Mais uma vez, ficamos tristes, por estranhos conhecidos.

Tenho uma teoria, boba talvez, mas uma teoria.

Quando perdemos alguém do “Olimpo”, nos damos conta de que na verdade o “Olimpo” não existe.
E se alguém do “Olimpo que não existe” pode morrer, nós também podemos.
As pessoas que nesse momento estão juntinhos com você, trocando figurinhas, tomando café, contando piada, quebrando o “pau”, também podem.

Hoje, presença.
Amanhã, saudade.

O mundo é efêmero, e meio que não importa o que você acredita, ou se acredita, no pós-morte, por um tempo não calculado, o vazio estará instalado.

A falta dos estranhos conhecidos em nossa vida são um lembrete de quem sim, as coisas mudam, de quem sim, o hoje é diferente do amanhã, e que sim:
um até logo pode virar um adeus sem mesmo ser dito.

Os estranhos conhecidos são nossa âncora com as coisas boas.
São nosso mundo certinho e no lugar.
São nossa fuga sem sairmos do lugar.

Nenhum de nós tem o poder de acrescentar um único segundo a nossa própria vida.
Nem na vida dos outros.

Essa é a teoria.