A entrevista e a Mea Culpa

Quanto vale uma marca? Uma marca vale muito! A Coca-Cola está estimada em 200 bilhões. No Brasil vivemos desde o ano passado uma verdadeira guerra em audiência, a Record superou o SBT em audiência e agora persegue a Globo. A Globo tem perdido muito pouca audiência, mas não tem crescido o que a preocupa. Agora tirar a marca da Globo, isso ainda vai levar muito tempo, está no inconsciente das pessoas todo o poderio da rede Globo e isso ficou provado no último domingo.
O Fantástico desde 2006 perde audiência domingo a domingo, ficando na maioria das vezes atrás dos filmes do SBT e algumas vezes atrás até mesmo de seu genérico na Record, mas mesmo assim o casal Nardoni acusado do assassinato da menina Isabella preferiu dar uma entrevista exclusiva exatamente para a Globo e principalmente para o Fantástico. Uma pesquisa do Ibope provou a tese: perguntaram que programa você assiste no domingo? A maioria disse assistir aos filmes do SBT, mas quando perguntadas sobre quais programas elas lembravam que passava nos domingos a noite, o Fantástico ficou disparado em primeiro lugar. Marca e isso vale muito!
Mea Culpa
Ontem o jornalista que não sou muito fã, mas que acompanho por força de profissão, Boris Casoy, fez uma mea culpa no caso Isabella. O jornalista que é âncora do Jornal da Noite da Band, apresentou o caso de uma criança na região metropolitana de Brasília, de cinco anos que foi estuprada, morta e enterrada nos fundos de uma casa. A família da criança ganhou apenas umas poucas linhas no jornal local e duas semanas depois do crime, ao contrário do que aconteceu no caso Isabella, o IML não havia estado no local , perícia não havia estado no local , e a delegacia pedia ajuda para delegacias de outras cidades para investigar o caso, já que não contava com efetivo suficiente.
Ao final da matéria, Boris disse textualmente: “o caso de pessoas com pouco poder aquisitivo e que são vítimas da violência ganham uma pequena repercussão da imprensa ao contrário do caso Isabella que pertence a classe média, a classe da maioria dos jornalistas e por isso causa maior comoção. Se você está se perguntando a resposta é sim! Estou fazendo uma mea culpa na parte que me cabe”.
Boris conseguiu traduzir com maestria a diferença entre pobres e ricos no país e como eles são olhados de maneira diferente por nós da imprensa, que consideramos programas como o Cidade Alerta, Aqui Agora e o Brasil Urgente do mundo cão por mostrarem diariamente crimes como o de Isabella, mas com a classe baixa da população, porém não nos envergonhamos em acompanhar de olhos arregalados a repercussão do caso daqueles que economicamente “é um de nós”.

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