“A” último dos moicanos, por Tramujas Junior

“Eu subo hoje à tribuna para apresentar minha renúncia da liderança do PT em caráter irrevogável”, afirmava assim o senador Aloizio Mercadante em seu Twitter (um microblog em que seus usuários e seguidores só podem postar mensagens com no máximo 140 caracteres).

O senador paulista ameaçava naquele momento deixar a liderança do PT depois de discordar da direção nacional do partido, que orientou a bancada a votar pelo arquivamento dos 11 processos contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética da Casa.

Não é que o Mercadante voltou atrás? Para justificar a sua decisão Aloizio Mercadante escreveu a seus eleitores no mesmo Twitter: “O presidente disse que sou imprescindível, apesar das divergências diante da postura do PT e do governo frente à crise do Senado”.
Como se sentiram os eleitores do senador paulista? Muitos deles manifestaram o desapontamento através do Twitter e inconcientemente repetiam:.”até tu Mercadante?” Esta uma clássica a frase do imperador romano Júlio César que no I A.C. (antes de cristo) foi vítima de uma conspiração de senadores para tirá-lo do cargo. Entre eles estava o seu filho adotivo Marcus Brutus.

Não é de hoje e nem privilégio do Brasil que o Senado participa de momentos como esse. Mas será que os eleitores do senador Aloizio Mercadante não se lembrarão do refugo do senador diante de uma importante decisão? Tal lance ficará na memória de muitos como o refugo em um obstáculo da pista do cavalo e supercampeão Baloubet de Rouet, que junto com o cavaleiro Rodrigo Pessoa poderia ter levado a medalha de ouro nas Olimpíadas de Sydney (2000).

“Infelizmente Baloubet du Rouet ficou famoso por um refugo e não por uma vitória, mas é compreensível. Naquela ocasião nosso conjunto era a última chance de medalha de ouro para o Brasil”, afirmou Pessoa ao relembrar Sydney.

Será que a carreira política de Mercadante ficará marcada por esse refugo em um momento tão decisivo da política brasileira?
Parabéns senadora Marina Silva por sua ética e retidão, que após 30 anos de PT, ela pediu para sair do partido por não concordar com as últimas decisões, o caso Sarney foi só a gota da água para a senadora acreana. Será Marina a última dos moicanos?

Tramujas Junior é jornalista diplomado
www.twitter.com/tramujas

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