O mundo não é coisa fácil de ser moldada, é preciso levar tantas variantes em conta, que as próprias variantes mudam no caminho fazendo com que não haja contas certas.
Um dia, quando Julius era apenas um menino de 8 anos pediu ao seu pai uma bicicleta de presente, era algo meio antiquado até mesmo para o seu tempo, portanto, era caro, o pai lhe prometera, mas, com uma condição:
– Manter o quarto arrumado, e o quintal limpo.
Durante 5 meses tudo foi com o pensado, Julius tinha cuidado, algumas vezes, até mesmo evitava brincar para não bagunçar nada, porém James, seu primo não tinha nenhum compromisso firmado, transformou o quarto numa filial do inferno, seu pai viu, nada falou, mas no momento oportuno, cobrou o preço. Julius não ganhou a bicicleta, o primo negou ser o responsável pela bagunça, então, aprendeu uma lição:
Não confie em ninguém.
O tempo passara, já se passavam 8 meses do caos e da prisão de Julius e sua cabeça, agora motivada pela mudança se perguntava o que seria do futuro. Não poderia, nem queria, viver para sempre. Fracassara em inventar uma máquina do tempo para dizer a si mesmo que não fizesse nada disso, também havia a questão inexplorada no reflexo temporal transverso. Um termo que ele mesmo inventou para exemplificar coisas que poderiam mudar pelo simples fato de serem tentadas.
Podia morrer. Tic Tac. O tempo voa.
Julius, sabia exatamente quando morreria, isso se nada mudasse, ou melhor, se ele não mudasse nada. Então, estava razoavelmente confortável com os 18 anos que lhe restavam. Nunca teve coragem de ver o que lhe acometeria, somente sabia da data por aproximação, por não encontrar mais a si mesmo em uma faixa de tempo.
Ainda que arriscasse diminuir esses 18 anos, Julius precisa descobrir o que fazer com o poder que tinha nas mãos.
Não poderia deixar uma inteligência artificial no comando, já tinha visto esse futuro e ele não era nada bom para a humanidade que basicamente viraria escrava de si mesmo. Lembrava também dos livros de Asimov e tinha medo. Ainda pior que essa possibilidade, era entregar o “poder” a algum governo, já tinha visto esse futuro também simulando diversos governos no poder, todos se corrompiam ou cometiam erros tolos que os faziam perder o poder.
Precisava pensar, Tic Tac. O tempo voa.
O carro voava sobre nuvens, e de repente uma chuva de post its caia sem parar, neles, apenas uma pergunta:
Por que não me avisou? Tentava responder, mas já não estava no carro, agora lia um antigo jornal com um recado de alguém procurando alguém, ficava exasperado, o grito não saía.
Acordou.
Tinha a resposta para a sua questão.
Viajar no tempo já sabia, não era possível.
Mas, e se o reflexo temporal transverso pudesse viajar. Não ele. Mas um pensamento, não uma pessoa, mas uma mensagem?
A questão era arriscada, afinal, poderia tentar mandar uma mensagem para o futuro e ok, isso não traria consequências já que poderia mudar uma coisa aqui e outra ali e “arrumar” a questão, mas, caso tivesse sucesso, o que seria do futuro? E se a mensagem chegasse errada? O que isso significaria. Precisava testar a hipótese, poderia ser uma saída.
Sentiu-se naquele momento o Frodo em seu momento de glória. Conseguiria abrir mão do anel?
Continua…
Primeira Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Segunda Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2