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Hoje peço licença para não escrever e dividir com todos o texto do Portal Imprensa com a jornalista Chilena Mônica Gonzales, que entre outras coisas diz que os jornalistas são cúmplices de assassinatos na época de ditadura, acompanhe:

“Jornalistas foram cúmplices na morte de seus colegas”, diz jornalista na abertura do Fórum Liberdade de Imprensa
Por Ana Luiza Moulatlet/Redação Portal IMPRENSA

O painel “Liberdade de Imprensa e Utopia na América Latina e Brasil”, abertura do Fórum Liberdade de Imprensa e Democracia – realizado nesta terça-feira (06), por conta do Dia Internacional da Liberdade de Imprensa (3 de maio) – contou com a presença de Geraldinho Vieira, da fundação Avina, e da jornalista chilena Monica Gonzalez, idealizadora do Ciper (Centro de Investigación e Información Periodística).

Geraldinho abriu a conferência fazendo referências às ditaduras vividas na América latina, e, para apresentar Monica Gonzalez, declarou que ela era uma das pessoas que tiravam o sono dos ditadores: “por duas ou três vezes ela foi presa e perdeu o direito de exercer a profissão. Mas Monica não é uma militante social, nem uma militante dos direitos da mulher ou dos direitos da infância. Ela é militante do bom jornalismo”.

Antes de passar a palavra à jornalista, Geraldinho fez uma provocação: “Na ditadura éramos intimidados politicamente, e, agora que estamos livres disso, a liberdade existe para quê? Estamos respeitando essa liberdade e usufruindo dela como deveríamos?”

Monica começou sua fala dizendo que o jornalismo é a paixão de sua vida. Ela, que sobreviveu ao Pinochet e foi uma das porta-vozes do movimento contra a repressão, se mostrou surpresa com o fato de a América Latina ter passado, nos últimos 30 anos, de um continente dominado pela ditadura para um continente dominado pela democracia.

A jornalista insistiu no fator econômico: “se analisamos o motor da economia durante a ditadura, sabemos que ela apoiou a repressão, e não passou incólume. A primeira remessa de dinheiro para o Pinochet, no dia 13 de setembto, dois dias após o golpe, quando muitos morriam no cárcere, chegou do Brasil. Logo que esse período acabou, o motor da economia se tornou muito mais complexo e sofisticado”. E quaetionou: “como o quarto poder, podemos fiscalizar o funcionamento da economia sem conhecimento especializado?”

Para ela, a resposta é não. Monica acredita que o jornalismo deve servir para explicar aos cidadãos como a economia é complexa. “Trabalhamos muito e acreditamos que para sermos felizes precisamos consumir. E o jornalismo deve ajudar o cidadão a entender a economia. Estou cada vez mais convencida que esse cidadão que só trabalha não tem tempo para fazer amor, que na ditadura era um meio contra a repressão”, explicou.

“O Brasil nunca ganhou o dinheiro que ganha hoje. O jornalismo deve entender de onde vem essa ganância e explicar ao leitor”, disse Monica, que acredita que a profissão requer vontade de trabalhar, estudo e ética. “Fazer jornalismo não requer só valentia. Requer conhecimento e gana para entender que ser jornalista hoje é dez vezes mais importante que ontem, e quem fala isso a vocês é uma sobrevivente”.

Outra pergunta de Monica é se os profissionais de mídia fazem um mal jornalismo. Para ela, a resposta é sim, “porque participamos e somos cúmplices de um povo perigoso, os corruptos. Ontem os jornalistas foram cúmplices de assassinatos. Não mataram, mas guardaram o segredo. Com empresas corruptas, cometemos o mesmo ato de cumplicidade”, declarou a chilena. Ela também afirmou que é dez vezes mais perigoso fazer jornalismo hoje, por exemplo investigando o narcotráfico, que na época da ditadura.

E qual é o caminho? “É tempo de atuar, estudar, colaborar, tomar a vida e a profissão em suas mãos. Porque o que acontece todos os dias é que o jornalismo parece ser o primeiro poder, e não o quarto. Devemos ter espírito de equipe; o bom jornalismo é a mescla entre a experiêcia e a juventude ansiosa. Estou convencida que fazer jornalismo é um privilégio e uma experiência única, e podemos ajudar a fazer dessa profissão uma das mais dignas”, respondeu Monica.

O fórum Liberdade de Imprensa e Democracia é realizado pela revista Imprensa, e tem o apoio institucional da Unesco, ABI, Fenaj, fundação Avina e Faculdade Cásper Líbero.

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