Como sabem, sou jornalista diplomado, isso faz diferença no preço do dólar, não. Mas faz diferença para que você entenda como pensa este humilde escriba. Aprendi a teoria das coisas, algumas aprendi também na prática, porém o que mais aprendi foi: Teoria e prática são inimigas mortais, não se gostam, não falam uma com a outra, falam mal pelas costas uma da outra e está formada a terceira guerra mundial se alguém as convida para a mesma mesa na hora do jantar.
Conversando com a Teoria descubro que jornalista de verdade não tem opinião pública, só privada. Mas conversando com a Prática ela me diz que jornalista que não se posiciona é covarde, e não fala com a massa crítica. Em uma conversa durante o café, a Teoria me diz que não posso de maneira nenhuma colocar nada no ar sem tentar ouvir o outra lado da notícia com toda imparcialidade e paciência para tentar entender o ponto de vista, já durante o chá a Prática me conta que isso não é o principal e nem de longe é o que devemos fazer, a ideia é mais ou menos assim: faz a tua matéria, edita e quando ela estiver pronta manda um email procurando saber o outro lado, azar do entrevistado se não der tempo de responder, a gente fez a nossa parte.
A moça Teoria é tinhosa e não se deixa levar pela claque fácil e nem pelo abraço pouco sincero das massas de manobras, já a moça Prática é mais esperta, ela faz as massas, é diferente. Uma diz que a lei, por exemplo, isso ou aquilo. A segunda diz que a lei precisa ser mudada. Uma é analítica, outra opinativa. Mas a principal diferença entre a Teoria e a Prática é: a desculpa. Enquanto a Teoria faz de tudo para não errar, checa fontes diferentes, houve o outro lado se certifica de todos os pontos, a segunda faz de qualquer jeito e se por acaso errar, diz em uma nota de rodapé, em uma sonora antes do boa noite, erramos e o certo é isso. Pouco importa de na matéria principal você deu 3 páginas ou uma matéria de 5 minutos, pouco importa.
A bem da verdade, a teoria, não quero falar para ela para não faze-la perder ainda mais a serenidade, mas está condenada. Tem poucos amigos, seus filhos estão envelhecendo e aos poucos vão abandonando a mãe. Provavelmente não deixará saudades nem mesmo para aqueles que tem por ela o maior cuidado. Será lembrada, talvez no momento que alguém fizer a porcaria master, a latrina máxima, o erro sem solução, mas aí meus amigos, será absolutamente tarde demais.