Ano passado li um livro que achei meio repetitivo, mas que trouxe algumas lições importantes, a principal delas, e aí vai um spoiler, rs, é: escreva tudo. Mas não escreva tudo em qualquer lugar. Escreva tudo em um lugar que você possa acessar facilmente.

Por exemplo, aulas. Não adianta escrever todos os seus resumos em um “caderno de resumos”. É preciso organização: Resumo de português do mês de setembro de 2025. Algo assim.

A premissa do livro é simples e verdadeira: provavelmente todos temos as informações que precisamos só não conseguimos saber o lugar de encontrá-las e o seu cérebro não é nada confiável para isso. Em tese ele “limpa” as informações antigas para processar novas e aí tudo se perde.

Bom, adotei a dica do autor e baixei o Notion, um aplicativo web e para celular em que posso dividir tudo em páginas, colunas, datas, como eu quiser. Essa mesma coluna aqui tem uma página dentro de uma página dedicada para ela. É como se fosse um repositório de memórias indispensáveis.

Não é um diário.
Diário é outra coisa.
São anotações de projetos, reuniões, insights, dicas, etc.

Dentro do meu repositório “Pessoal”, tem uma página que gosto muito e que eu gostaria que estivesse sempre cheia:

”Coisas boas que as pessoas fizeram para mim a partir de junho de 2024”. (data que li o livro).

Com o passar da idade você descobre algo inexorável a vida: somos muito bons em guardar coisas ruins sobre nós mesmos e sobre os outros. Somos implacáveis em julgar e muito mansos em agradecer. E acreditem, não agradecemos porque na maioria das vezes nem lembramos.

Um exemplo genérico: alguém te dá carona na saída da faculdade todos os dias. Te leva para casa ou muito próxima dela. Você economiza ao menos 30 minutos até em casa. Então, você teve um dia horroroso no trabalho, deu tudo errado e chega na faculdade a tua carona não veio. Não tem carona. O seu cérebro automaticamente começa:

• Podia ter avisado.
• Que falta de consideração.
• Garanto que está se divertindo enquanto eu terei que enfrentar o busão.

Tá tudo bem, é assim mesmo.

Perceba:
o seu cérebro transformou a carona em obrigação e relegou ao esquecimento todos os outros dias que você se deu bem.

Somos ingratos por natureza.
Tendemos a dar muito mais valor ao que é ruim do que é bom.
Provavelmente não lembraremos da carona da segunda-feira chuvosa de 13 de abril, mas aquele 25 de maio em que ficamos a pé, ah… esse não vamos esquecer.

É assim. Somos ingratos.

Mas serve para quê? Para você lembrar em um futuro que o mundo não está conspirando contra você. Que a Lua não chamou Júpiter para uma reunião secreta na casa de Saturno para bolar maneiras de ferrar com a sua vida.

Shit happens.

Serve para você lembrar de agradecer, dizer obrigado e também para lembrar de perdoar quando alguém que te fez bem no passado pisar na bola no futuro. Acontece, shit happens.

Nada é eterno e entre amizades efêmeras e mágoas perenes, escolha a primeira. Ninguém é perfeito, você não é.

Para finalizar a pergunta provocativa:
Se todo mundo tivesse o tal diário da gratidão, você estaria na folha de alguém?