Contrariando a tendência mundial, a quase unanimidade que diz que quanto antes a criança entra na “escolinha” melhor, queria que minha filha começasse sua carreira de “aprendizado” aos cinco ou seis anos. Eu comecei com sete, posso estar errado, mas não me parece fazer falta esse período da minha vida. Mas não adianta, pressões da família, amigos me fizeram repensar essa decisão e eu e minha mulher colocamos a nossa filha na escola com três anos.
Hoje é o quarto dia dela, e parece que a ficha de fato caiu. Ao contrário dos primeiros dias ela simplesmente chorou, me abraçou, pediu que eu ficasse. Eu claro, queria ficar, mas a professora me disse que isso era normal, pediu que eu saísse e a deixei chorando.
Fico pensando no sentimento dela. Estaria ela pensando que o pai a estava deixando? Quanto tempo ela levará para me perdoar, será que no momento eu que eu for buscá-la tudo estará resolvido? Pode parecer exagerado, e talvez de fato seja, mas sou pai de primeira viagem e me dou o direito tal qual um apaixonado em dizer besteiras e viver o momento de forma tão intensa que parece que tudo o mais no mundo está vinculado aquela pessoa ou situação.
A vida da gente normalmente é assim, volta e meia acabamos sendo abandonados tal qual uma criança na escola, na vida pessoal, no trabalho, nos amores e até por nós mesmos. De vez em quando apostamos em algo com tanta certeza do sucesso que acabamos por nos dar uma rasteira tremenda.
Penso no dia a dia das pessoas, no cotidiano que nos obriga a fazer coisas que por vezes não nos dá prazer, mas que são necessárias para o nosso bem comum, como para o bem de toda a sociedade. Vez ou outra somos confrontados com nossa atual realidade, o que era, já não é mais, e de repente, volta a ser. A vida, essa grande incerteza do mundo é o combustível que move uma grande roda, nela está a vida de cada um de nós, e com certeza, em algum momento iremos cruzar com algo que amamos e com algo que não suportamos, o importante é termos o discernimento de que tanto as coisas boas, quanto as coisas ruins, um dia, irão passar!