Como esse é o último post da semana, vamos falar de um tema um tanto quanto delicado: a família ligada a impunidade. Ano passado um pai virou celebridade nacional ao deixar o filho que havia roubado a sua caminhonete e batido em um poste quando estava embriagado preso por 10 dias se recusando a pagar a fiança estipulada. Também teve outro pai que ficou muito famoso ao agredir verbalmente repórteres ao defender o filho que tinha “apenas” junto da sua gangue de playboys espancado uma empregada sob o pretexto de tê-la confundido com uma prostituta.
Este ano, um adolescente de 19 anos comemorava a vaga no curso de Direito, “tomou todas” (o exame de dosagem do rapaz mostrava 0,80 quando o permitido é 0,60, ou seja, o rapaz estava embriagado porém consciente) invadiu um posto de gasolina (segundo testemunhas ele estava a mais de 100km) com seu Vectra com placas personalizadas, atropelou um frentista (que ganhava por mês cerca de R$ 1000 e esperava que passassem 25 minutos para que ele pudesse ir embora), e acelerou até ser retirado do carro a força para que pudessem depois de 8 minutos em baixo do carro, óleo pingando no seu corpo fosse retirado e levado ao hospital.
No carro do futuro advogado 8 frascos de lança perfume, dava para deixar uma escola inteira “viajando”, ou seja, não era para consumo próprio. Se não era para consumo próprio, então é tráfico! Ou não é ? Por que o filho do agricultor de Londrina ficou preso por bater bêbado em um poste e o filho do milionário de Ribeirão Preto foi liberado após atropelar um trabalhador? Por que nem a família, nem o pai, nem mesmo o adolescente foram até o hospital visitar o “atropelado”? Por que não se responsabilizaram pelas despesas do hospital pelo menos como forma de arrependimento?
A resposta é cruel, porém simples. Porque nada disso é necessário. No Brasil via de regra o dinheiro dita a regra de como e quando valem as leis. Via de regra também as famílias sensibilizadas com o “terror” que se acomete sobre seus filhos queridos contratam excelentes advogados enquanto a vítima nem sabe o que significa Ministério Público.
O citado adolescente a quem dou nome, Caio Meneghetti Fleury Lombardi, devia ouvir no jantar coisas do tipo: “meu filho se matar alguém saia correndo para a saia do papai” “filhinho quando cometer algum crime cuide para não riscar a Ferrari”.
Termino o meu último post da semana, sabendo que todos merecem uma segunda chance, desde que o façam por merecer. Todos devem estar cientes dos erros que cometeram. Errar, fazer péssimas escolhas são fatos da vida que podem acontecer com todos. Mas o que distingue o humano do animal é o fato de percebê-lo e saber reparar o erro.