O que lhe parecem os terríveis fatos que acontecem neste exato momento em Cascavel. Uma penitenciária, não super lotada, com mais de 1000 presos e apenas 9 agentes penitenciários. Uma penitenciária inaugurada em 2007, ano que recursos de tecnologia como abertura automática da porta, circuito interno de tv, já estavam disponíveis e ainda assim não foram implantados. Uma facção criminosa. Um motivo. Dois presos decapitados. Dois arremessados do telhado e igualmente mortos. Outros tantos feridos na parte interna do presidio. Um presidio destruído.
E então o que lhe parece?
Merecem? São presos e merecem morrer? São retratos da incompetência administrativa? Não importa. Qualquer um destes sentimentos são retrato da nossa hipocrisia enquanto sociedade. Nossa hipocrisia cristã nos faz contra a pena de morte, e a favor do perdão. Porém, e esse porém sempre nos acompanha na vida, não costumamos ter um fio de cabelo de preocupação quando fatos como a rebelião de Cascavel ou de Pedrinhas acontecem. Também não gostamos muito de dar a chamada segunda chance para os que já pagaram seu tributo com a sociedade.
Em recente pesquisa com pequenos empresários, apenas 11% deles considerariam dar uma oportunidade de trabalho para ex-detentos. Destes, apenas 2% consideraria oferecer um emprego em sua própria casa. Somos prioritariamente hipócritas, uma sociedade de hipócritas. Na última semana, a famosa Suzana, aquela que matou os pais, poderia ter saído da prisão em regime semi-aberto. Preferiu ficar. Mas ela matou os pais, me dirão vocês. Sim, eu sei. Um crime bárbaro e inadmissível, porém, segundo as leis do país, ela já pagou ou está pagando por isso. Se nós resolvermos que nunca que lhe daremos outra chance, não seria melhor já executarmos a pena de morte? Nós já não a condenamos a tal?
Somos a limitação de nós mesmos. Nos impomos regras que não conseguimos cumprir e penas que não conseguimos perdoar, e assim vamos vivendo nossa vidinha de exclusões em julgamentos sem direito a defesa e igualmente seguimos defendendo a moral e os bons costumes contra aqueles que tentam subverter o que nossas convicções entendem como certo.