Estou na porteira, não vejo campainha, não vejo sino, não vejo menino. E agora? O que faço? Como afinal de contas cheguei até aqui e fiquei parado esperando uma solução? Devo pular? Mas como? Já ouvi falar dessa porteira, muitos e muitos já desistiram frente a ela, e agora? Faço como os outros? Maldita porteira!
Atravessei caminhos de asfalto, cruzei estradas de cascalho, pinguelas, ruelas, atalhos, picadas e rios. Alguns com dificuldade, outras foram fáceis.
No caminho encontrei viajantes como eu, alguns ficaram pelo caminho, não queriam mais aquela jornada ou ainda se acordaram diante do inesperado. Deveria eu ter seguido em outra direção? Maldita porteira!
Lembro-me, talvez com saudades do tempo em que chegar a essa porteira era um sonho distante, coisa do interior, coisa de sonhador, diziam. Agora cá estou, mas como passá-la?
Não posso dizer que não fui alertado, pois fui! Não posso dizer que não queria! Porque queria! Mas não esperava a dificuldade! Maldita porteira! E agora? Vou me arriscar, está decidido, vou pular! Mas e se eu me machucar? Não seria melhor esperar alguém vir para abrir a porteira?
Maldita porteira, ela é o começou o fim ou o meio do caminho? Maldita porteira!