Reginaldo era um rapaz acima de tudo alegre. Vivia um sonho lúdico. Achava que o mundo se resumia aos seus anseios. Ora dava certo, ora não dava. Assim fazia amigos e inimigos com facilidade.
Tive a oportunidade de conviver com ele algum tempo, o conheci quando ele era orador do Grupo de Jovens da Igreja, ele tinha o dom da palavra, não só na igreja. Assim conquistava pessoas, divagava sonhos e tentava a importância que sonhava com a mesma simplicidade que cantava.
Era cantor, amava a música, era professor de violão e teclado. Não media muito as amizades, as amizades o mediam. Ela abandonava e era abandonado. No sonho lúcido que viveu foi feliz!
Fazia dos seus devaneios um estilo de vida, de um devaneio conjunto, uma vontade de ser mais, começamos o projeto do Jornal do Povo. Ele cuidava do comercial e da diagramação, eu das notícias.
Nossa parceria não deu certo, eu queria pagar as contas, ele preferia continuar comprando. Nos separamos, ele seguiu seu caminho, montou jornal próprio, comprou, vendeu, deveu, pagou e cresceu. Tornou-se referência, sabia falar como ninguém, formou parcerias. Deu certo!
Enfim, Reginaldo era uma pessoa tão única que a sua morte de hoje deixa um sentimento latente no ar, uma angústia muda, um quê de “poxa vida!”. E não adianta, por mais que as pessoas não gostassem dele, sentem a sua partida.
Um carro, uma br maldita, uma curva no caminho, o ponto final de uma vida singular. Morre uma figura, um companheiro, uma pessoa com que defeitos. Uma pessoa que eu conhecia. E que por mais que a distância e os modos diferentes de levar a vida tenham nos separado a ponto de pouco nos falarmos, eu o conhecia, e hoje sinto a sua morte.
Meus sentimentos à família.