Hoje é dia do Jornalista, infelizmente não há muito o que comemorar. Primeiro porque a bestialidade chegou ao Rio de Janeiro. Um idiota, metido a entender o que não entendia, usando desculpas que não desculpavam matou alunos de uma escola, que , de errado, nada faziam, mas enfim, ele queria chamar a atenção. Conseguiu!
No dia do jornalista poderíamos falar sobre várias coisas, a falta da obrigatoriedade do diploma, a baixa qualidade do jornalismo atual, as muitas falhas, o achatamento dos salários, ou ainda pior, falarmos sobre o número exagerado de mortes de colegas no exercício da profissão.
Ser jornalista é, e sempre foi, um exercício de contar histórias, mas jornalistas, ao menos os bons, não se contentam com a fofoca, querem ver o fato In loco, querem passar a sua audiência com a informação com exatidão. Jornalista nunca está feliz, ele sempre busca o “mais” o lado escondido, aquilo que ninguém quer mostrar. Jornalista que é jornalista mesmo, não se importa com a repercussão, se importa com a verdade da história.
Muitos de nós se vendeu ao “lado negro da força”, trocaram a vaidade, dinheiro pela verdade, outros conseguiram reconhecimento exatamente por serem verdadeiros. Escrevi minha primeira matéria com 13 anos, publiquei meu primeiro jornal com 14, fiz meu primeiro programa de rádio com 16 e apresentei meu primeiro programa de televisão com 21. Fiz o que muitos, muito mais velhos ainda não conseguiram e disso me orgulho. Mas não me orgulho por ter apenas escrito, falado, comentado ou editado coisas verdadeiros, isso foi minha obrigação.
Morava na pequena Mandirituba, e na minha época (façamos de conta que isso mudou, o que não aconteceu) o sistema de transporte público era uma vergonha, ônibus lotados, licenças vencidas, pneus carecas e a passagem mais cara das cidades metropolitanas do Brasil, formavam um conjunto ideal para uma matéria, mas, por algum motivo que prefiro não entender, essa matéria nunca aconteceu. Mas eu fiz. No colégio, lancei um jornal chamado “Contacto Imediato” e na segunda edição dei capa para a questão.
Fui censurado publicamente pelo prefeito em um programa de rádio, fui chamado no fórum da cidade pela empresa para me explicar, e tive que dar uma página de direito de reposta. Porém nas ruas fui cumprimentado, os professores me elogiaram, os próprios motoristas aprovaram a matéria. Naquele dia, descobri que estava no caminho certo, queria mesmo ser jornalista.
A grande verdade é que se excetuando os que trabalham em grandes veículos, jornalistas pouco podem fazer para o dia a dia da comunidade. Pouco podem mudar a vida dos cidadãos. Mas, não importa qual a audiência deste ou daquele veículo, o que importa é que a figura do jornalista representa sempre uma vigilância zelosa para o bem da comunidade.