Em tempos de emprego como o que vivemos atualmente o vai e vem de empregos aumentou bastante. As pessoas, principalmente as qualificadas, estão podendo escolher melhor a sua recolocação, exigir melhores salários e ainda lutar por outros benefícios como vale refeição mais rechonchudo ou outros privilégios.
Infelizmente com o desemprego sumiu também o profissional comprometido, entendamos a partir daqui que falo de maneira genérica. O profissional comprometido antigamente como aquele que “veste a camisa da empresa” que torce por ela, que busca o seu melhor. Uma das mais famosas palestras motivacionais do Brasil, que é proferida por Daniel Godri, compara estes profissionais como gato e cachorro. O gato é aquele profissional que só pensa em si, o cachorro é aquele que pensa no outro e tem na lealdade o seu lema maior.
Para explicitar melhor a questão lanço mão de um exemplo genérico: Joãozinho foi contratado para um emprego temporário que ao final poderia lhe garantir uma oportunidade efetiva. Na entrevista e nos primeiros movimentos Joãozinho se mostrou apaixonado pela nova função e motivado para continuar. Porém, com o passar do tempo (e do contrato) Joãozinho foi encontrando defeitos em sua atividade que antes não via. Foi encontrando motivos diversos para faltar e por fim abandonou seus colegas sem ter o projeto chegado ao fim. Por que isso aconteceu?
No exemplo acima a falta de gestão não é uma opção porque Joãozinho tinha que mostrar o seu cartão de visita, a qualidade do seu trabalho para que futuramente aquela ou outra empresa indicada por seu gestor pudesse dispor de seu trabalho. Também podemos descartar a falta de motivação já que estava em jogo todo o seu futuro profissional.
Então, “culpemos” o alto número de vagas disponíveis por tal. Joãozinho sabia que apesar de não mostrar um bom trabalho havia muitas outras ocupações ociosas para que ele pudesse se candidatar. Sabia também que com a falta de mão de obra as empresas baixaram o seu nível de exigência e que tudo isso lhe garantia certa tranquilidade.
Joãozinho não pensou que, por incrível que pareça o mundo é sim um “ovo”, eu mesmo já indiquei e vetei vários colegas e subordinados em virtude do desempenho que tiveram. Esqueceu também Joãozinho que um funcionário só serve para vagas menores, salários menores e que futuramente serão substituídas por uma máquina inteligente qualquer.
Joãozinho também esquece que a economia historicamente vive de ciclos, o que estamos vivendo hoje já experimentamos em 1995 e certamente deixaremos de viver e voltaremos a viver em um ciclo totalmente normal, e que os amigos que ele não fez no passado farão falta em um futuro de vacas magras.
Por fim, esqueceu-se Joãozinho que sua palavra e seu caráter é o que molda sua vida como cidadão. As pessoas lembraram dele tal qual o bêbado principal de cada cidade, apenas como isso, alguém que passou em algum momento por sua vida, mas que não passa disso, um ser cambaleante, nada confiável e que você certamente não vai querer ter nunca mais em seu convívio, principalmente no trabalho que é, ao menos para você, motivo de orgulho e vitrine para seu bom trabalho.