O cofre do tempo fica em um banco.
Um banco diferente.
Nesse banco o depósito é obrigatório, assim como o saque.
Não tem poupança, mas pode ter rendimento.
No cofre do tempo o saque é sempre em moeda única: momentos.
Dias, horas, minutos, segundos.
Tempo.
Nesse cofre o saque é necessário e ele tem uma particularidade um tanto quanto assustadora:
se em um banco normal sabemos exatamente quanto temos e quanto podemos gastar, no cofre do tempo o saldo é segredo. Ninguém sabe. Então você saca enquanto dá, até não dar mais.
Os especialistas dizem que sim, podemos fazer depósitos nesse banco para que o cofre dure mais. Exercícios físicos e mentais ajudariam a manter o saldo alto por algum tempo, mas isso é só uma especulação, afinal há investidores que gastam o saldo de maneira perdularia e o cofre demora a esvaziar e há também outros tantos que fazem depósitos constantes e o cofre se esvazia muito rápido.
O banco em que fica o cofre do tempo é democrático, afinal, todos somos clientes dele. Não importa nossa classe, cor ou credo. Nosso cofre está lá!
Porém, a linha de crédito dele é terrível, tirando um tal de Lázaro que conseguiu um crédito extra quando seu cofre tinha esvaziado há uns 2000 anos, poucos são os exemplos. Não há crédito extra.
Então, nos cabe perguntar: Quanto saldo você tem?
Se o seu saldo acabar hoje, ou amanhã, os depósitos que você fez serão bons? Quando abrirem esse cofre, o que encontrarão?
Dor, mágoa, tristeza? Alegria, júbilo, contentamento?
O banco é universal, mas o cofre é particular.
O saldo é pessoal e intransferível, cabe a nós administrarmos da melhor maneira.
Afinal, os saques são obrigatórios, até não serem.