Dizem que diariamente precisamos ser lembrados de tudo o que nos cerca, sejam elas coisas boas ou ruins. Mas antes de falarmos disso, quero falar do meu computador, ele literalmente não vale os bits que consome. Trava sem moderação, já fez eu perder tantos textos que poderia ter alguns livros escritos, isso sem contar das incontáveis horas de trabalho perdidas.
Algumas vezes me flagrei elaborando planos minuciosos de como me livrar dessa máquina de escrever disfarçada de tela, teclado e mouse. A janela sempre me pareceu a melhor opção, mas ao final dos meus lamentos sentidos ou das palavras de baixo calão proferidas sempre chegava a conclusão que a relação custo financeiro não valia a pena. Mas a verdade é que dia após dia me achava amaldiçoado pelos deuses da informática por tamanho sofrimento com esta maquina.
Ontem o popularesco “ A Liga” me lembrou de quão imbecil eu sou! O programa tinha como tema as pessoas que viviam do lixo e do lixão. Pessoas comuns, poderia ser eu ou você. Fugiam do clichê palavras erradas, bêbados ou retirantes de má sorte. Eram pessoas para as quais a sorte não lhes sorriu!
Casos curiosos, pessoas boas que a sua maneira dão um jeito de viver dia após dia com alguma dignidade. Entre os casos, dois me chamaram a atenção: o primeiro de uma mulher que catava restos de uma central de abastecimento paulista. Ela, segundo-grau completo, sete filhos, marido empregado e ganhando 600 por mês, não dava! A casa ainda abrigava mais quatro pessoas, definitivamente não dá! A mulher, sem choro, sem lamentos exagerados. Ela usa a segunda-feira para abastecer a casa para toda a semana e os demais dias busca emprego.
Em outro caso, procurando comida no lixão do Rio de Janeiro, uma senhora não identificada na matéria, me fez lembrar daquele brilho que saia do meu olhar quando eu ganhava um brinquedo novo, a mulher havia encontrado um pote de iogurte fechado e dentro da data de validade, aquele sorriso dos seus olhos me emocionou.
O meu computador segue sendo a oitava porcaria do universo, mas ao contrário do “ema, ema, ema” não tenho mais coragem de maldizer deus nenhum por causa dele.