Blog do Ediney

Onde está o Natal?

Impressão minha ou o Natal neste ano não teve o brilho de sempre? Dizem que o homem só se volta para Deus quando está em maus lençóis, pois bem, o brasileiro jamais esteve melhor. O poder de compra nas alturas, o crédito apesar de todas as restrições segue em alta, as pessoas estão comprando mais, comendo mais, emprestando mais, viajando mais e sendo menos humanas. Verdade?

Não sei dizer, sei que ao menos na minha percepção e para algumas pessoas com as quais convivo o Natal este ano estava “fraquinho”, mas qual seria o Natal perfeito? Pessoas reunidas em torno de uma mesa lamentando seus infortúnios? Pessoas esperando que o ano seguinte seja melhor do que o anterior, afinal, pior não poderia ser? A torcida por um novo emprego? Onde está essa incrível simbiose entre o material e o espiritual?

Lembro do meu tempo de catequese, tempo em que eu acreditava que no futuro poderia mudar o mundo rapidamente, que o padre dizia, citando uma parábola bíblica que seria mais fácil um elefante passar por baixo de uma porta do que um rico entrar no céu. Vamos todos para o inferno ou aumentamos o vão da porta?

São tantas perguntas, e para responder outra pergunta: o natal este foi mesmo diferente? Será que porque fiz 30 fiquei menos sensível, não me emociono mais com a Simone, a campanha da Globo já não me parece mais atraente, ou estou simplesmente menos religioso e o Natal está exatamente como nos outros anos apenas eu é que o percebo de maneira diferente?

Não sei responder a maioria destas questões, tenho certeza daquilo que vi, ou melhor, não vi. Não vi tantas casas iluminadas, não vi tantas arvores de natal, os corais de Natal caíram pela metade, os altos de Natal sumiram dos bairros, o número de missas diminuiu até mesmo um shopping da cidade fez uma campanha de Natal homenageando o maestro João Carlos, ele não merece? Merece! Mas não é tempo de comemorarmos o nascimento do filho de Deus? Estamos comparando o maestro vencedor ao Cristo crucificado?

Não estou certo do que queria ver neste Natal, mas sinto falta da época em que me emocionava ao imaginar o sofrimento de José ao levar sua Maria para o recenseamento, do sofrimento de Maria, a virgem grávida. Tenho saudades da emoção que tomava contas de todos nesta época, do perdão quase que padrão. Da vida simples e visionária, da esperança sadia, da luta destemida. Tenho saudades daquela velha árvore de Natal, das pessoas dando carona umas para as outras para ir a casa da “avó”. Talvez esteja sendo romântico, talvez estas coisas nem acontecessem de fato e só faziam parte do meu vislumbre infantil, mas mesmo hoje, adulto, penso em como era bom aquele tempo, que penso, não voltará a existir. Afinal de contas, onde está o Natal?

Em Tempo:
É claro, que a parábola não é elefante e sim camelo e não é porta e sim, agulha, enfim a ordem dos bichos não altera a mensagem. Obrigado Geison pelo alerta!

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