O emblemático, como diria Gilmar Mendes, caso do jornalista Pimenta Neves que matou, confessou, foi condenado e ficou 11 anos com recursos e mais recursos aguardando para tentar se livrar da prisão chegou ao fim. Sua defesa disse que recebeu a notícia da prisão com consternação porque não teve acesso a um julgamento justo. Como assim? O cara não confessou? Não matou? O que a defesa esperava? Absolvição?
O caso Pimenta Neves é sim emblemático, o emblema desse caso é social. Sim, porque não há defensor público no mundo que recorreria tantas vezes como os advogados do senhor Pimenta. O emblema é sim da impunidade porque Pimenta já cumpriu 7 meses de prisão, é réu primário, tem mais de 60 anos e tem o direito de estar em liberdade em apenas 1 ano e 8 meses e contando…
Quando Pimenta Neves resolveu se entregar e a polícia foi pegá-lo em casa, confortavelmente sentado no banco de trás da viatura e no porta-malas como normalmente acontece, ele mesmo fechou a porta de sua casa como se fosse dar uma saidinha e já voltava. Ele estava certo.
Pimenta Neves, o jornalista Pimenta Neves, foi protagonista de uma grande reportagem, nela o descaso com a vida, nessa reportagem a lentidão da justiça brasileira escancarada em páginas e páginas de recursos. Na reportagem protagonizada por Pimenta a descrença na punição expressada pelo pai da jovem assassinada que afirmou que tinha certeza que morreria antes de ver o algoz da filha atrás das grades.
Pimenta Neves jogou nos olhos do povo um colírio ardido, um colírio devastador, o colírio de que a justiça e as leis brasileiras estão na UTI e precisam urgentemente passar uma revisão. Ardeu ainda mais em nossos olhos o aceno gentil do assassino ao deixar sua casa. Ardeu em nossa alma a punição inócua e nula a que se prestou nossa justiça. Nosso Supremo, informou seu magistrado, julgou um caso emblemático e assim como os casos Mensalão e Battisti, mais uma vez, quem perdeu foi o povo brasileiro.