Vivemos em um mundo estranho: temos tragédia e alegrias todas mensuradas em um mesmo dia, em uma mesma transmissão. Outro dia um ônibus simplesmente não parou, passou reto a rua que devia fazer a curva, atropelou algumas pessoas que estavam em um ponto de ônibus e acabou sua viagem dentro de uma loja de departamentos, o saldo final é de duas mortes e 32 feridos e o motorista preso. Como? O motorista preso!? Sim! Ao contrário do que aconteceu com o então deputado Fernando Ribas Carli, o motorista de um desgovernado Ligeirinho que tinha em seu comando um desesperado motorista que gritava para todos se segurarem que ele não conseguia parar, ficou preso, pagou R$ 1000 de fiança e foi liberado.
Quando perguntado sobre o fato, o delegado que, olha a ironia, era o mesmo do caso do deputado disse que não tinha relação um caso com o outro, que nem sabia que o deputado era deputado, e a pergunta: e eu com isso cara pálida? A lei muda de acordo da hora do acidente? Por que o deputado não passou nem um minuto da delegacia, não fez exame de dosagem, não pagou fiança e o motorista do ligeirinho sim?
Vivemos em um mundo estranho. Enquanto estamos entorpecidos pelos sons das vuvuzelas da Copa, os funcionários vão e vem de setores na Assembléia, Bibinho (que de bobinho não tem nada) é liberado e deixa a sua prisão acenando para os policiais. A cada assopro da cornetinha esquecemos que dentre um destaque e outro o mundo vai se passando a nossa volta e tudo o que é ruim vai sendo esquecido.
O que era seriíssimo não é mais tão sério assim, o movimento O Paraná que Queremos virou O Paraná que meia dúzia quer, e assim essa nossa estranha vida vai virando rotina,afinal, enquanto o time de Dunga segurar as pontas, por aqui o silêncio latente da aceitação ecoa nos guetos tupiniquins.